quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Para sobreviver no caos


A maioria das pessoas que eu conheço já se deu conta que vive diante de um caos de atividades, um mundo de solicitações importantes, que atormenta, estonteia e, muitas vezes, desorienta a gente. Escrevo este texto, então, para compartilhar algumas pistas que obtive de parceiros teóricos sobre como conviver com o caos cotidiano, diante de tantas exigências. Eu tenho dito que um dos problemas da vida é que tudo é fundamental e o outro é que existem “fundamentais” demais. Então, o que fazer? Como sobreviver?

Em primeiro lugar, parece-me importante entender que essa sobrecarga não é uma característica minha ou sua, mas do sistema em que a gente vive. Para obter condições mínimas de existência, a gente acaba se envolvendo em uma trama de afazeres e, depois, se estressa porque sente dificuldade de dar conta de todos eles. Uma primeira pista vem da filosofia oriental, que nos oferece o conceito de “presença plena”. Quer dizer, é importante estar plenamente presente no que se está fazendo, enquanto se está fazendo. Por exemplo, enquanto eu escrevo este texto, não posso resolver nenhum problema ou realizar nenhuma outra tarefa do dia-a-dia. Só posso escrever este texto, plenamente, intensamente, procurando entregar-me à escrita e a você, leitor, da melhor maneira possível. Presença plena. Fazer uma coisa de cada vez, procurando dedicar-se inteiramente a isso.

Há anos venho experenciando esta prática e percebendo seus resultados em todas as áreas da minha vida, no desempenho profissional, nas relações familiares, de amizade, amorosas. O poeta Fernando Pessoa também ensina: “Para ser grande, sê inteiro: nada teu exagera ou exclui. Sê todo em cada coisa. Põe quanto és no mínimo que fazes. Assim em cada lago a lua toa brilha, porque alta vive”.

Outra orientação é não se ocupar (demais) com o que não tem solução – ou, mesmo com problemas cuja solução não está nas nossas mãos. Quantas vezes sentimos desejo de mudar o rumo de nossas vidas, de ver resolvida alguma pendência, mas, na verdade, o encaminhamento disso depende de outras pessoas. Depende de que alguém nos selecione para uma vaga no emprego, que alguém nos ame como nós o amamos, depende de que o nosso trabalho seja reconhecido por outras pessoas... enfim...depende dos outros. Nestes casos, o que podemos fazer é valorizar a nossa parte, dedicarmo-nos para que haja condições favoráveis para a solução, mas não podemos fazer tudo. Não há como definir o jogo, sozinhos. Precisamos acreditar, mentalizar positivamente e colocarmo-nos prontos para o momento da solução. Aí, vale “entregar para o universo”, para o que eu chamo de “conspiração cósmica”. Ajuda, nestes momentos, produzir outras coisas, ocupar-se com produções agradáveis, que possam nos colocar no mundo como pessoas alegres, que investem no possível. Esperar com alegria, aceitar o movimento cósmico e acreditar no devir, no que está para vir a ser. A pior atitude, nestas situações, é ficar remoendo, amargurando-se pela espera e travando a vida... isso nos põe em desvantagem, cria energia bloqueadora.

Proponho, então, caro leitor, que você se dedique inteiramente a uma coisa de cada vez e não invista tempo em aspectos da sua vida, cujo andamento não dependem de você. Mentalize e espere. Produza e dedique-se ao possível, mesmo que pareça, momentaneamente, pouco. O que fizer, bem feito, vai abrir caminho para outras realizações. E, para facilitar, seja afetivo, espere com doçura. O “universo” tende a reconhecer produções ternas, com valorização e realizações. Boa sorte!

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