terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Derrotas também ensinam

Em 2010, eu tive a minha maior derrota da minha vida. Ela foi implacável, seus efeitos ainda têm sido cruéis comigo. Perdi uma grande batalha, tive que ‘entregar’, abaixar a cabeça, aceitar minhas limitações, escrever um texto assumindo impossibilidades, depois viver a dor pior, ir pessoalmente, acompanhar, entregar e, depois disso, continuar vivendo. A derrota envolveu um dos meus filhos. O que mais me doeu, além da situação em si, foi ter que fazer tudo, a parte mais dura, absolutamente sozinha. Sozinha como adulta, tentando confortar e acomodar meus filhos, como era possível, naquele momento. Assim, sozinha, eu tenho vivido momentos decisivos da minha vida. Acontece.

Eu, sinceramente, achei que não ia conseguir, mas fiquei até mesmo sem essa alternativa. Não havia ‘não conseguir’. Não havia como ‘abandonar o barco’, ir embora, ‘pedir dispensa’ da vida. Também este não é o meu perfil. Quem me conhece sabe disso. Eu sou maciça de conteúdo, de consistência e força! Fui forjada numa madeira existencial que me ensinou que dores todos temos, que não queremos que as grandes tragédias aconteçam com a gente, mas elas acontecem. Em determinado momento, eu, estudiosa das telenovelas, parei e pensei comigo mesma que a vida, às vezes (ainda bem que não é sempre) parece um daqueles roteiros melodramáticos de novelas mexicanas.... Meuuu Deusss... só com muita fé, mesmo, para superar.

No plano espiritual estive amparada, minha fé me ajudou a aguentar a dor, respirar fundo, continuar caminhando, produzindo. Em muitos momentos dramáticos, brotavam dentro de mim canções de adoração, que aprendi na Igreja Batista de Montserrat, em Porto Alegre, espaço de acolhimento, de encontro com pessoas amigas, apesar dos meus vínculos com a dimensão espiritual. É interessante porque eu não me lembrava das músicas, elas brotavam... começavam a soar dentro de mim, como que me dando força... Não sei se consigo me explicar, mas é diferente de lembrar... é sentir o som...de dentro.

Os ensinamentos da minha sensei de Karatê, a Adelaide, a vivência dos treinos, também foram cruciais. Fortaleceram meu eixo, me fizeram me sentir mais forte. Sou principiante no karatê... aprendiz, aprendiz...mas fiquei feliz pelo aprendizado que pude vivenciar. O karatê é diferente do meu jeito ‘matriz’, mas, por isso mesmo, me fez e faz muito bem. A pista do karatê eu tive com uma pessoa que eu gosto muito. Sua fala sobre os ensinamentos do karatê, sua orientação para a vida, tudo foi me fazendo entender que o karatê é uma filosofia de vida, mais do que um trabalho físico (embora o resultado do corpo também seja muito importante). Depois, a Adelaide me convidou, eu entendi que precisava, por mim mesma, tentar...ousar. Lembro que, no começo, eu dizia o tempo todo, meio que rindo: “Você vai ter que ter paciência comigo... eu mal sei caminhar...como vou fazer karatê?”. Ela também ria e não dava bola. Seguia me ensinando...feliz, empolgada. Adelaide é uma pessoa ímpar, especial.

Quanto ao meu filho, a mesma derrota, no entanto, me ensinou a dimensão da minha força. Ao sobreviver, é como se tivesse voltado de uma tempestade em alto mar, que durou anos. Eu voltei machucada, mas, durante o ano, fui curando aqui e ali, tive amparos muitos, me botei em outros desafios, percorri muitos lugares falando de paixão-pesquisa, até viver o encontro com a floresta (Amazônica), mas isso já é assunto pra outro texto... Sei que fui tendo o alento de ser ‘tirada’ de cena e levada para onde me solicitavam, me queriam, com as minhas teorias, com o meu pensamento, com o meu trabalho e tudo o que eu me preparei para ser: sou cientista da Comunicação, além de jornalista, comunicadora, empresária, mãe, mulher.. etc etc..

Sigo, então, por mim, pelos meus filhos... pela vida que Deus me deu, pelo projeto da minha existência, que eu sei não é só meu... Sei que há uma escrita maior que me inscreve no mundo e que é menos ‘pra mim’ e mais por ‘coisas que preciso fazer’, trabalho existencial de amparo e ajuda a outras pessoas, a outras ‘existências vida’. Enfim, há muita coisa por fazer. Sou espírita e, por isso, acredito que ‘não estamos aqui a passeio’... há realizações a serem produzidas... Essa vida vem de longe e ainda tem um longo caminho, nas suas idas e vindas. Algumas coisas que gostaria de fazer, às vezes parecem difíceis, nessa encarnação, mas já encomendei uma encarnação ‘golfinho’...quem sabe na outra eu consigo.

2 comentários:

  1. Malu! muito lindo o que tu falou sobre o Karate e sobre mim.Tu és muito amada, obrigado pelo carinho.

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  2. Você sabe... tudo o que eu disse é muito sincero e tem sido vivido com intensidade, assim como faço tudo na vida. Posso dizer, com segurança, que conhecer você, me tornar tua amiga e me iniciar no karatê contigo foi uma das melhores coisas que me aconteceu nos últimos anos. Eu sei que as coisas não acontecem por acaso...sou muito grata por tudo. beijo! Oss!

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