domingo, 30 de julho de 2017

Malu Jardineira



O encontro com a natureza tem me ensinado muito. Tanto ou mais que o encontro com os livros. Na verdade, são saberes complementares, entrelaçados. Gosto das abstrações e da poética da teoria, assim como gosto do ‘con-tato’ direto com a natureza, também a natureza em mim. Assim, na lógica dos floresceres, do amor pela floresta, pelas árvores todas, vou cultivando, eu mesma, como posso, flores, floresceres em minha casa, em minhas casas, de Caxias do Sul e de Porto Alegre.

Elas me dizem coisas da vida, da vida que brota e que demanda cuidados. Também me contam sobre o tempo que passa e do ciclo da vida, o que brota, ganha viço, depois enruga, enrijece, retorce, seca e morre. As plantas ensinam também sobre relacionamentos, sobre o que faz o entrelaçamento perdurar, sobre o que garante o laço, o entrelaço, a convivência e respeito ao espaço de cada folha, de cada pétala, de cada liame, dos fios que se soltam e se enredam, entrelaçam.


O trato com as plantas tem que ser delicado e firme, assim como com as pessoas. Delicado, para atender à condição da natureza mesma, às singularidades de cada planta, o seu jeito, seu trejeito, o modo como brota, como ganha viço e se mostra ‘exibida’. Tem que ser firme, porque às vezes envolve cortar, impedir que invada o espaço de outra planta, ou, mesmo, que vá se direcionando para cantos onde se coloca em risco (no apartamento).


Como no caso das pessoas, eu gosto de observar as diferenças das plantas, de perceber, em cada qual, sua beleza e sua força, no traço singular da sua existência. Gosto de interagir com elas e me colocar humilde, buscando compreendê-las. Muitas vezes, entendo que não brotam porque a terra não é fértil, e, neste caso, é preciso também agir, trocar de terra, buscar outros nutrientes, entender que não adianta insistir em substrato que é estéril de substâncias que ajudem a florescer, a renascer autopoieticamente, a planta, a flor, a gente!

Deixo, então, aqui, uma das lindas canções do Toquinho, nesse sentido. “Natureza Distraída”
“Como as plantas somos seres vivos,
Como as plantas temos que crescer.
Como elas, precisamos de muito carinho,
De sol, de amor, de ar pra sobreviver.

Quando a natureza distraída
Fere a flor ou um embrião,
O ser humano, mais que as flores,
Precisa na vida
De muito afeto e toda compreensão”.

https://www.letras.mus.br/toquinho/87302/

quinta-feira, 27 de julho de 2017

Chiara e a Orquestra da UCS!




Aquele momento em que você está com a filha, de 16 anos, assistindo a um espetáculo interativo da Orquestra da UCS, chamado Orquestrando Organizações, oferecido aos professores da UCS, no Encontro de início do semestre. O maestro desafia o público, para que algum voluntário vá reger a orquestra no ‘lugar dele’ (com a ajuda dele, no início!), depois de ter ensinado alguns ‘movimentos básicos’! Nenhum professor se candidatou, em um primeiro momento, e quem levantou a mão? Sim... a Chiara Baptista Vieira! 

O espetáculo foi apresentado hoje duas vezes para o grupo de professores da UCS, como parte do encontro dos professores com a reitoria. De manhã, fiquei impressionada com a ‘aula mágica’, que recebemos sobre a composição e o funcionamento da orquestra, com suas várias ‘famílias’ de instrumentos, a beleza e singularidade de cada um. A importância da união de todos os instrumentos. Lembrei da minha filha Chiara, também apaixonada por música e pela Orquestra da UCS! Pensei: “ela vai amar assistir e aprender um pouco mais sobre cada instrumento, não pode perder essa oportunidade de assistir ao ‘nosso maestro’, Manfredo Schmiedt, explicando tão bem humoradamente como se produz a mágica da orquestra”.

Quando a convidei, não imaginei que ela subiria ao palco; apenas pensei que ficaria encantada, como eu, com as explicações. Lembrei de vários momentos da vida em que Chiara ficou hipnotizada com apresentações musicais, dos mais diferentes ritmos, desde pequena, desde muito pequena. Até mesmo em situações em que todas as outras pessoas do ambiente dançavam, a Chiara estava lá, olhando fixamente para os músicos, encantada, observando cada movimento. Pensem, por exemplo, em um baile de carnaval... sim a Chiara, pequenina, se parava diante da banda, em meio à confusão de foliões, e observava atentamente aos músicos e ao seu trabalho. Olhava detidamente, séria, só observava. Tá, outro exemplo: show do Exalta Samba, em Caxias do Sul, há alguns anos. Fomos em família. No camarote, eu me deliciava sambando e a Chiara, na minha frente, parada, olhando, só observando os músicos. Bom, houve também as apresentações com o irmão Giuseppe, para a família toda, com as composições próprias. Eles se divertiam criando música, quando eram muito pequenos.

Lembro de uma vez que fui buscá-la na aula de música e o professor a elogiou! Eu agradeci, pensei que era simpático da parte dele elogiar minha filha. Ele percebeu e reforçou: “Olha, a senhora não está entendendo. Ela realmente tem uma sensibilidade e habilidade que se destacam! Ela se destaca muito!”. Chiara tem cultivado a música intensamente, durante a sua vida (16 anos!, como eu já disse). Na escola, já tocou vários instrumentos, participou da Banda Escocesa, coral, fez aula de violão, escaleta e caixa. Tem em casa guitarra, teclado e violão, e decidiu que vai comprar um ukulele (que eu ainda nem sei como é!).  Nesse momento faz aula de canto e de teatro.


O mais importante de tudo: eu vi minha filha viver um momento absolutamente mágico, em que demonstrou coragem de ir viver seu sonho! Durante o período em que esteve no palco, Chiara sorria muito, embevecida com a cena, com o momento. Ajudou, claro, o fato de ser aluna do CETEC e de ter participado recentemente do CETEC Festival, com apresentações teatrais, em que ela também ousou interpretar uma personagem, de uma peça que ajudou a escrever, sobre os refugiados. A informação de hoje é: vivemos um momento em que se consolida a informação de que temos mais uma artista na família!