terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

EU VENCI A EMBALAGEM DE ADOÇANTE

Ah.. estou realizada! Eu VENCI a embalagem de adoçante... quer dizer, consegui abrir... risos.. não entendo porque os fabricantes fazem isso. Se há uma coisa que não suporto é a inadequação de produtos às condições sociais contemporâneas. Traduzindo: já faz bastante tempo que existem famílias chefiadas por mulheres, famílias em que não há a presença, cotidiana, de um homem, com suas características todas e seus encantos e sua força.. bem... enfim... vocês sabem. Então, pergunto: por que as empresas insistem em produzir embalagens quase impossíveis de abrir?

Eu já tinha vivido embates com outras embalagens, há alguns tempos. Um deles foi com uma garrafa de refrigerante, dessas de dois litros. Eu tinha recém alugado meu primeiro apartamento. Isso já faz teeempoo. Ah..e o detalhe é que essas situações parecem jogar na nossa cara nossos limites e, mais ainda, ocorrem em momentos em que achamos que ‘nos bastamos’, que acreditamos (bem, eu não acredito mais) na auto-suficiência.. risos. Então, eu estava feliz com a ‘ousadia/coragem’ de alugar um apartamento, assumir a minha vida, os meus gastos... quando, de repente, ‘não mais que de repente’ (diria o poeta), me aparece (‘aparece’ é força de expressão, eu comprei... quer dizer, eu arrumei a encrenca) aquela garrafa de Guaraná. Enfim, na época, eu não consegui abrir a embalagem, pelo método convencional, mas usei um artifício do meu tempo de criança. (Atenção: ninguém pode rir.. ou pode.. sei lá..) Furei a tampa da embalagem e, assim, consegui tirar o ‘precioso líquido’.

Depois disso, lembro de situações com champanhas. Tá, mas aí é mais difícil mesmo... A vida toda, cada vez que vou abrir um champanha, eu me concentro, medito...quase rezo, para conseguir abrir, para que a pressão da tal garrafa não me impeça de beber a delícia que é...bem, vocês sabem. É uma bebida abençoada, eu diria... com morangos e boa companhia.. hum.. tá. .mudando de assunto...

A questão é que há alguns dias, comprei um adoçante, para repor aqui em casa e, ódio... não havia o que me fizesse conseguir abrir a tal da embalagem... Olha, penei... tentei ...fiz força, usei pano... molhei a tampa da embalagem...deixei um tempo descansando... parei... tentei de novo, ri de mim mesma, xinguei (podia ser que a tampa se ofendesse e saísse tirar satisfação) e n a d a...a tampa estava lá ‘imexível’ (atenção: está palavra existe. Está no VOLP). Fiquei indignada. Não admito que eu, uma mulher chefe de família, com quatro filhos, dona de uma empresa, karateca, professora universitária de Jornalismo, Publicidade e Propaganda, Relações Públicas, Secretariado Executivo, cursos de Educação e Humanização do SUS.. RISOS...tenha que me render a uma embalagem.

Certo que temos que reconhecer nossos limites.. tudo bem. Há momentos em que nossos atributos são insuficientes, para vencermos nossos desafios cotidianos. Quem me conhece sabe que, nos últimos anos, eu tenho enfrentado situações bem difíceis, em grande parte das vezes, tenho feito isso sozinha. Tenho tido que ‘ser forte’. Talvez por isso mesmo essa embalagem tenha me irritado tanto...

Num exercício de humildade, já tinha pensado em pedir ajuda. Claro, pra Deus já tinha pedido, mas me constrangi, porque peço muita coisa para Ele, todos os dias. Achei que era demais pedir para que me ajudasse a abrir a embalagem de adoçante. Sabe como é, né? A gente não pode abusar. Vai que Deus também se enche de mim... Não, dizem que ele não se enche nunca. Será? Acho que não, eu sou uma ‘pedinte’ profissional, digamos assim, para Deus, e até agora ele tem me atendido, em boa parte. A propósito, há umas ‘coisinhas’ que ando pedindo que ainda não aconteceram... tá.. depois eu retomo isso com Ele.

Então, como estava dizendo, hesitei em pedir ajuda, porque imaginei que pareceria ridículo, sair de casa, com o vidro de adoçante, procurar um policial e solicitar que ele o abrisse. Poderia parecer brincadeira ou, pior, ‘ desacato’. Vai saber, e se ele se ofendesse? Pensei em alternativas... os vizinhos, sim, poderia pedir para um vizinho, mas também seria esquisito. Eu moro sozinha com meus filhos. A vizinhança aqui do Bom Fim não está acostumada a me ver com ninguém (sou discreta com relação aos meus amores). Quer dizer, bater nos apartamentos vizinhos e pedir o marido emprestado para ‘abrir o adoçante’, poderia ser mal interpretado... risos... achei melhor não.

Enfim... depois de quatro dias, com o adoçante em casa, na cozinha, imponente, em cima do micro-ondas...sem poder usar, espremendo as últimas gotas das embalagens antigas, eu me concentrei e pensei que não poderia ceder. Tentei ... tentei... tentei.. e CONSEGUI. Fica, aqui, então... como ‘lição de vida’. Como sou uma criatura ‘metida a filosofias do cotidiano’, fico pensando que talvez isso seja uma metáfora, para eu não desistir de ‘adoçar a vida’. E vocês também. ...risos, risos e mais risos.... e beijos doces.