terça-feira, 14 de maio de 2013

AS LEOAS E A LAGARTIXA



Maria Luiza: E então, onde está a valentia da Graaande Malu? Não acha que é um pouco de fiasco demais ter medo de ... lagartixa? Pra onde vai todo o seu discurso de coragem na vida e força pra enfrentar desafios?

Malu: Bem, desafios tudo bem, eu enfrento. Não enfrento é lagartixa. Aí já é um pouco demais. Ah.. mas e você.. não tem medo? Então vai lá e encara a tal da criatura essa? Eu não sei as outras pessoas, mas realmente não consigo conviver com uma lagartixa que, de repente, sem mais nem menos, resolveu ‘morar’ no meu closet e banheiro privativo. Não tem cabimento, eu pago IPTU, condomínio, prestação do apartamento e ela? Nada. Apenas resolveu de dentro do seu cérebro...Tá, eu sei que ela não tem cérebro, quer dizer, imagino que não tenha. Não entendo nada de anatomia de lagartixas, a não ser o absurdo de que ela perde o rabo, se eu bater nela... Eu não posso confiar num ‘ser’ assim. Bom, mas, como eu ia dizendo, ela decidiu dividir o espaço comigo. Eu não aceito. Vivo sozinha há muitos anos. Closet e banheiros meus, em Porto Alegre ou Caxias do Sul, em qualquer uma das minhas casas, só recebem visitantes especiais. Não vai ser uma l a g a r t i x a que vai mudar essa regra. Putz.

Maria Luiza: Você fica ridícula fazendo esse discurso insano. Bem, mas eu já disse tantas vezes: discurso insano, no teu caso, é praticamente uma redundância.

Malu: Nossa, mas e eu que achei que estávamos integradas, que você estava silenciosa há tanto tempo que imaginei que estivesse satisfeita comigo, com meus avanços.

Maria Luiza: Avanços? Onde? Quem? A que avanços exatamente você se refere?

Malu: Mas pelamordeDeus! A senhora não vê? E tudo o que tenho feito ultimamente? Eu sou praticamente uma outra pessoa, mais madura, mais sensata, eu quase que nem me reconheço.

Maria Luiza: (rindo) Ah.. tá, agora conta aquela do papagaio. Essa é muito boa. Ou nós enlouquecemos de vez e estamos vivendo em planetas diferentes, ou não houve essa mudança toda e você está tendo mais um dos seus delírios típicos de quem não se conhece bem.

Malu: Tá, tudo bem. Não é uma mudança radical, mas eu vejo avanços. Tá, ainda tenho medo de lagartixas. Tenho medo de seres minúsculos e nojentos.

Maria Luiza: Depende do ponto de vista.

Malu: Não. Neste caso, não depende. Ela é muito menor que eu.

Maria Luiza: Mas é você quem se paralisa horrorizada, diante dela. Ela não parece te dar a mínima...

Malu: Mas aí é que está, eu já tentei de tudo. Não há diálogo. Não adianta. Nem a Doutora Cardinale me ajuda, neste caso. Não há maneira de estabelecer comunicação com uma...digamos.. lagartixa. Ela fica impassível, ali, me olhando, impávida, sem esboçar uma expressão...aí, de repente, faz o quê? Se movimenta bruscamente, o que você queria? Eu saio correndo aos berros, pra me defender?

Maria Luiza: Hahahahaha... impossível. Uma mulher desse tamanho, chefe de família, correndo aos berros, com medo de uma lagartixa.

Malu: Bem, as opções são poucas. Eu já pensei em chamar os bombeiros, como fiz no caso dos morcegos. Você lembra, duas vezes entraram morcegos aqui em casa? Pois é. Eles vieram, mas vieram rindo... só que, se eu chamar para me socorrer por causa de uma ... lagartixa, suponho que não vão rir... pior, temo que eles não venham... Por alguma razão que não entendo direito, as pessoas acham que eu deveria ter coragem de enfrentar uma lagartixa. Não tenho.

Maria Luiza: Você é hilária. Melhor: tragicômica. Patética.

Malu: Tá... desisto.. você não entende. Não, como diria Madeleine, eu tenho um plano. Depois conto...

Nenhum comentário:

Postar um comentário